quinta-feira, 3 de abril de 2008

Tradições!?

Aproveitando este vídeo que me foi enviado por e-mail por um amigo, aproveito a ocasião para lançar a temática: Tradições!? O que? Quais são validas? Como? Em que medida não são atrasos estruturais a nível social e humano? Que interessa preservar?


Aguardo a vossa colaboração! Gostaria de gerar uma discussão/(poli)dialogo...
Eu darei também a(s) minha(s) perspectiva(s)!

8 comentários:

Anónimo disse...

Desde já os meus parabéns pela tua iniciativa ao colocares aqui este vídeo. Confesso que fiquei surpreendido pela qualidade, nunca pensei que fosse de autoria nacional, nem nunca o vi a circular pela televisão.


"Tradição" é um conceito que irá sempre gerar discussão, pois consegue ser tão controverso quanto o conceito de "arte". Isto porque mexe com as diferentes perspectivas/gostos/costumes do indivíduo, sendo extremamente difícil abrir espaço à consciencialização das pessoas.
A dita "tradição" é o meio pelo qual muita gente mantém a âncora da "identidade" e quando vê essa mesma âncora desaparecer, defende-a a todo o custo.

Para mim, uma tradição deixa de ser válida a partir do momento que infringe determinados valores base que deveriam fazer parte da moral de todas as pessoas. Claro que o problema é que o que para mim infringe a moral para outro pode ser aceitável ou até glorificado.

a "tradição" será sempre uma pescadinha de rabo na boca, dependendo sempre do grau de abertura de consciência de cada um.


... nem sempre o que é antigo é digno de preservar face ao futuro.

Mauro disse...

Obrigado por teres aberto o "plenário".

Concordo na globalidade com tudo o que escreveste, indo de encontro ao que eu próprio escreveria e/ou diria.

"... nem sempre o que é antigo é digno de preservar face ao futuro."

é nesta frase que esta para mim o cerne de todo este questionamento, estejamos a falar de "tradição cultural/imaterial" ou de "tradição material" (vulgo património, quero com isto dizer que nem tudo é digno de ser preservado/mantido, atrevo-me até a afirmar que a maior parte das #tradições" devem ser abandonadas/destruidas em detrimento do melhoramento da sociedade (das sociedades enquanto tal), sem que no entanto nos devamos permitir abandonar a "memória" das "tradições", ou seja, devendo ser estudadas, "catalogadas" [falha-me de momento melhor expressão] e publicadas/divulgadas a maior numero de indivíduos que compõem o tecido social...

Blueminerva disse...

Caro Mauro,
Muito resumidamente, para não te maçar, todas as tradições que esbarram nos direitos do homem e animais, e que de alguma forma atentem à dignidade, deviam de ser abolidos.
Um abraço

Mauro disse...

Cara Blue,
Não maçaria nunca.
Isso é o "idealista" pois as cartas de direito existem... agora o modo como são interpretadas/compridas... isso é outra história...
Abraço

Multipétalo Uivo disse...

O problema das tradições é estarem irremediavelmente condenadas. Quase sempre condenadas a serem substituídas por outras.
Logicamente que quando uma tradição cai em desuso, ou para lá caminha, surge aquela fase de transição, em que a mesma se mantém, mas já existe um número considerável de pessoas que não a aceitam nem compreendem.
Nessa medida creio que não é possível catalogar uma tradição de “válida” ou “inválida”. Estas revestem-se de um substrato cultural que as torna aceitáveis e perfeitamente enquadráveis num conjunto de princípios e questões morais. São mais do que pólos identitários, são momentos socialmente congregadores, são dionisíacas.
Acho pois que é um desses momentos que estamos a viver presentemente.
As touradas são consideradas por muitos, uma barbárie, acto impróprio para uma sociedade “nova”… “nova” na idade e “nova” na acção.
Esta novidade social “nasceu”, em Portugal claro, nas últimas duas décadas com os seus muito peculiares princípios, comporta um crescente capitalismo (provavelmente a única das suas acções que se “tradicionalizará” para a posteridade) mas também introduziu, o homem vegetariano e o vegan, a fast food e a Britney Spears.
Paralelamente a “velha” sociedade… “velha” na idade está cativa dos seus valores, antigos claro, ou melhor, como outros preferem, valores tradicionais por oposição aos valores novos. Na verdade o busílis da questão, o motivo de tão aguerridos debates é que os valores tradicionais não relevam o não sofrimento de um animal.
A tradicional discussão de tradições é pois “chover no molhado” e só tem duas resoluções possíveis; ou o governo toma uma atitude digna e optando pela chegada de novos ideais e proíbe a tourada, ou teremos todos de esperar que mais gente nasça com novas ideias e mais gente morra com as velhas.
No entanto da mesma forma como a tourada está a morrer, todas as outras tradições estão.
A jovem sociedade onde me incluo, não distingue sofrimento animal de tradição e como tal todas as tradições com dor ou não, estão a pagar na mesma moeda.
Custa-me pensar que um dia possa não haver caretos, feiras novas ou a tourada à corda que não tem mal nenhum.

Mauro disse...

Começamos a ter debate...
Muito boa intervenção zoso68, argumentos perfeitos e "preocupações" (caretos, etc) que são também as minhas
Um abraço

Anónimo disse...

Olá!
Não considero as tradições um atraso no nosso desenvolvimento. Existem tradições bastante bonitas, legados com história que levantam um pouco o véu de mentalidades que parecem esquecidas.
Mas discordo em absoluto de tradições que ferem, magoam, humilham... que de alguma forma maltratam um ser vivo, seja ele qual for.
Com o tempo as tradições alteram-se na sua demonstração e até mesmo na sua essência. Muitas perdem-se… Nascem novas.
Modificam-se ao ritmo que a sociedade se transforma, que as gerações passam. Na emergência de cada tradição há uma tentativa de preservar reflexos sociais de importância relevante no percorrer de determinada época (embora no caso das touradas, por exemplo, eu não veja qual o interesse na sua protecção – e julgo que ao contrário do que têm dado a entender, a maior parte das pessoas discorda com estes tristes espectáculos ).
Acho que de uma maneira geral as tradições estão a perder-se. As novas gerações não lhes dão grande importância, nomeadamente no que toca às tradições religiosas. Em contrapartida há outras – poucas - que se vão reafirmando e somando fidelizações a cada ano.
De forma resumida, esta é a minha perspectiva.
Beijinho
Aury

Mauro disse...

Espero que tenhas razão Aury, e que tradições como as touradas (e outras que envolvem maus tratos a animais) estejam a perder adeptos (infelizmente não acredito muito nisso).

Um beijo. Vai passando por cá!