domingo, 30 de novembro de 2008

António Variações - "O Corpo é que paga"

Sugestão musical da semana:

musica: O corpo é que paga
interprete: António Variações
álbum: Anjo da Guarda, 1983

domingo, 23 de novembro de 2008

Sugestão musical da semana

A sugestão musical desta semana é, como poderia deixar de ser, Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra...

musica: Bubamara
álbum: Live is a Miracle (in Buenos Aires), 2005



musica: Pitbull (terrier)
álbum: Black Cat, White Cat (OST), 1998



musica: Unza, unza time
álbum: Unza Unza Time, 2000

...desfrutem da sua musica e da sua filmografia!


sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Yay!

Hoje é dia de Emir Kusturica & The no Smoking Orchestra!Pavilhão Municipal de Vila Nova de Gaia pelas 22 horas.
Vemos-nos por lá.!? =)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

"suicídio / deus"

“(…)

- Em seu entender, o que é que impede as pessoas de se suicidarem?
(…)
- Sei pouco… Dois preconceitos as retêm… Duas coisas apenas; uma muito pequena, a outra muito grande. Mas a pequena é também muito grande.
- Qual vem a ser a pequena?
- O sofrimento.
(…)
- Mas não há maneira de morrer sem sofrimento?
- Imagine – e estacou à minha frente -, imagine uma pedra do tamanho de uma grande casa; ela está suspensa por cima de si; se ela cair sobre a sua cabeça far-lhe-á mal?
- Uma pedra do tamanho de uma casa? Isso é de meter medo, sem dúvida.
- Não falo do medo. Pergunto se haveria dor.
- Uma pedra, que nem uma montanha, com um milhão de toneladas? Claro que não haveria dor.
- Mas, enquanto ela estiver suspensa sobre a sua cabeça, terá muito receio de que ela lhe cause sofrimento. O maior sábio, o maior médico, todos, todos teriam muito medo. Podem todos muito bem pensar que não sentiriam nada, mas todos terão medo de sofrer.
- Seja! E a segunda razão, a grande?
- O outro mundo.
- Quer dizer, o castigo?
- Tanto faz. O outro mundo; o outro mundo e mais nada.
- Não há ateus que não acreditam absolutamente nada no outro mundo?
Calou-se outra vez.
- Julga talvez por si?
- Ninguém pode julgar se não por si próprio – disse ele corando – A liberdade só será total no dia em que for indiferente viver ou não viver. Eis o objectivo de tudo.
- O objectivo? Mas então talvez ninguém deseje viver.
- Ninguém. Afirmou ele sem hesitar.
- O homem tem medo da morte porque ama a vida; aí tem como eu entendo as coisas – disse eu. – E é a natureza que assim o quer.
- Isso é um logro! – e os olhos dele fulguraram. – A vida é sofrimento, a vida é medo, e o homem é infeliz. Tudo é sofrimento e medo. Hoje, o homem ama a vida porque ama o sofrimento e o medo. Foi assim que o criaram. A vida dá-se hoje a troco do sofrimento e do medo, e aí é que está todo o embuste. Hoje, o homem não é ainda esse homem. Surgirá um homem novo, feliz e orgulhoso; a quem será indiferente viver ou não viver; esse será o homem novo! O que vencer o sofrimento e o medo, esse então será mesmo deus. E o outro Deus desaparecerá.

(…)”

em: Os Possessos de F. Dostoievski.
Edições Europa-América (volume 1) pp: 104 e 105
(excerto de um diálogo entre António Lavrentievitch [o narrador] e Chatov)

domingo, 16 de novembro de 2008

Quizás, Quizás, Quizás

Após um interregno de algumas semanas a sugestão musical está de volta:


Discover Nat King Cole!

musica: Quizás, quizás, quizás
interprete: Nat King Cole
álbum: Cole Español, 1958

Desafio | resposta

Aqui vai a minha resposta aos desafios do Gustavo e do João (se bem que não seja meu hábito responder a este género de solicitações)

1: Publicar uma foto pessoal

2: Escolher uma banda ou um cantor
Led Zeppelin/Robert Plant (sem sombras para duvidas)

3: Responder a algumas perguntas com títulos de músicas ou nomes de cantores e/ou bandas (assumo que darei resposta apenas com musicas/cantores/bandas de que gosto e com duas escolhas para cada excepto à 1ª pergunta):

a) És homem ou mulher?
O.M.E.M - Ornatos Violeta

b) Descreve-te:
La Mer - Frameshift / Dazed and Confused - Led Zeppelin

c) O que as pessoas acham de ti:
People are Strange - The Doors / I'm old fashioned - John Coltrane

d) Como descreves o teu ultimo relacionamento?
Strange kind of love - Peter Murphy /A Natural Disaster - Anathema

e) Descreve o teu estado actual com a tua namorada/companheira ou parceira ou whatever?
Alone - Anathema / Darkness, darkness - Robert Plant

f) Onde querias estar agora?
Blue Train - Jimmy Page & Robert Plant / Barcelona - Freddie Mercury & Montserrat Caballe

g) O que pensas a respeito do amor?
The Greatest - Cat Power / Hollow Years - Dream Theater

h) O que pedirias se se pudesses ter só um desejo?

Wish you were here - Pink Floyd / Perfect Day - Lou Reed

Agora chega a altura de desafiar alguém...Desafio: todos os leitores do blogue. Deixem as vossas respostas ao deasfio nas "notas brancas"...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

...

Fotografia e edição: Mauro Correia, sitio arqueologico de Castelo Velho, Freixo de Numão

terça-feira, 11 de novembro de 2008

...vida

Uma réstia de vida e cor que tentam resistir a um Inverno que se aproxima galopante...

(fotografia e eidção: Mauro Correia, Almendra, Foz Côa, Novembro de 2008)

domingo, 9 de novembro de 2008

...

Eu... na pausa para almoço na escavação do Fumo...
do topo deste monte a vista é...

Continuo longe de tudo...

fotografia e edição: Mauro Correia, Novembro de 2008

"Pela Linha"


Ω percorria caminhando despreocupadamente aquele ponte, metálica e sólida, uma vez mais, era afinal, segundo parece, uma rotina diária dos seus finais de tarde de Outono no regresso ao lar… no entanto, desta vez, a sua despreocupação era apenas aparente e a noite há muito já havia descido sobre aquele vale. Ω estava embriagado [depois de uma devida análise tal era claríssimo!], de álcool após um dia inteiro a emborcar, só, copo atrás de copo, aguardente (bebida de que nem gostava) e da imagem de β a quem magoava invariavelmente, vezes sem conta, arrependendo-se no imediato… seria mau!?


A ideia de que β algum dia não lhe perdoasse era como ter agulhas a serem-lhe introduzidas no espaço entre os dedos e as unhas, sua vida sem β não faria sentido… mas Ω era mau, e β… β não havia de suportar para sempre o desrespeito e os maus tratos de Ω (nem este o queria, gostaria de mudar!), por muito que de Ω gostasse… continuava a caminhar...


A Ω assaltava agora outra inquietação: seria louco?! Só assim se poderia explicar o seu comportamento, o seu refúgio na embriaguez e solidão… Ω pára, a meio da ponte, da linha, a observar as travessas em madeira, já podres, e os carris metálicos , já enferrujados, daquela bela travessia, por onde há já 10 anos não passam locomotivas a caminho da Vila de P…, através das travessas consegue ainda, graças à noite límpa e fria de luar que se faz sentir, ver a água, que parece parada, daquela curso sobre o qual se ergue a travessia… sente-se impelido a saltar, puxado por uma força e uma vontade que não são as suas… será a consciência de que não conseguirá mudar?! Que só assim evitara a ausência, ainda que futura, de β na sua vida?!


Ω não resiste ao apelo, salta… Arrepende-se do acto imediatamente! Quer voltar atrás! Cai desamparado em direcção a um rochedo que se eleva do leito do rio! Tarde demais…


Ω acorda embebido em suores frios, felizmente apenas um pesadelo (delírios?) provocado, muito provavelmente, pelo álcool! Desconhece a cama onde se encontra… não é a primeira que tal lhe acontece, já é um hábito. Agora há que regressar a sua casa com uma boa desculpa para dar a β… Esta noite não regressa pela ponte, superstição talvez, pelo que realiza um caminho mais longo que o habitual… que importa isso, já é hora tardia e a desculpa já esta, mais uma vez, estudada: problemas de ultima hora no trabalho, um laivo de inspiração e criatividade momentâneos e telemóvel esquecido (β acredita sempre!).


Ω ao chegar numero 12 da rua M…, entra discretamente, como sempre faz, mas, é rapidamente assaltado por uma visão macabra… no amplo hall de entrada de sua casa depara-se com β e mais umas quantas caras suas conhecidas e intimas em redor de uma mortalha ladeada de grandes sírios… é o seu corpo que ali se encontra jazente! Tentou falar a β, não conseguia…


“Artista plástico Ω, embriagado, comete suicídio na antiga ponte ferroviária da Vila de ....”


Foi o que pode ler no jornal local na manha seguinte. Irónico, pensou Ω…

Texto, fotografias e edição: Mauro Correia, Foz Côa, Outubro de 2008