domingo, 27 de julho de 2008

Tomar: muito trabalho e pouco lazer

Faz hoje precisamente uma semana que estou na cidade de Tomar, a cidade é lindíssima e vale bem uma visita de fim de semana (sem bem que hajam partes do centro histórico que estão bastante degradadas), mas como cá estou em trabalho não tive ainda grande tempo e/ou forças para aprofundar melhor a minha visita, os meus "tours", pois o horário e condições de trabalho são muito exigentes - 10 horas e meia a escavar ao sol e em posições muitas das vezes pouco confortáveis - e vai ser isto a minha vida a partir de agora? è isto a vida de arqueólogo? - espero que não seja só!

A escavação decorre na necrópole/cemitério que data do período medieval (século XII) ao periodo Moderno (século XVIII) da igreja de Sta. Maria do Olival - muito próximo do cento histórico - e a intervenção arqueológica enquadra-se no âmbito do programa de reabilitação urbana (POLIS de Tomar) da parte histórica e ribeirinha de Tomar, no caso da área em questão do açude, mercado e construção de uma nova ponte sobre o rio Nabão.
O cemitério possui uma área enorme, diz-se ser, talvez, o maior da Península Ibérica para o período cronológico em questão a ser escavado até hoje... em relação ao modo como esta a ser levada a cabo a intervenção arqueológica darei posteriormente uma entrada em simultâneo aqui e no Arkstratum.

Deixo agora duas fotos de trabalho: a 1ª (apenas um pormenor) referente ao enterramento que escavei no meu primeiro dia de trabalho, em que as ossadas em bastante mau estado de uma jovem adulta, tinham como espólio funerário dois anéis e uma pulseira em bronze, uma moeda e um alfinete para prender o sudário/mortalha funerária também em bronze, e duas outras pulseiras: uma em vidro (apenas cerca de 1/4 foi encontrado) e a outra constituída por cerca de 30 contas em azeviche de cor negra e pérola, este tipo de pulseira não tinha ainda surgido em enhum dos cerca de 1000 enterramentos já escavados: a 2ª fotografia é já de um outro enterramento, este com as ossadas já em melhor estado de conservação, que não apresentava qualquer espólio funerário/votivo e que tem à esquerda um craneo de outro individuo.

(fotos e edição: Mauro Correia)

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